ROMA, 12 de dez de 2006 às 21:10
O vaticanista italiano Sandro Magister destacou a "obediência à verdade", a grande capacidade de convocatória do Papa Bento XVI; e o dom especial que tem para explicar a teologia a todas as pessoas, como o mais característico dos primeiros 20 meses de seu pontificado.Em seu artigo intitulado "Bento XVI, um Papa armado com ‘pureza’", publicado em sua coluna do jornal italiano L’Espresso, Magister comenta que o Santo Padre conta com uma audiência semanal que é "geralmente mais do que o dobro da de seu predecessor, João Paulo II, quem em seu momento quebrou todos os recordes. O produto que Bento XVI oferece às multidões parece nada mais que de suas palavras singelas".
Em seguida, Magister explica que "no Ângelus, duas em cada três vezes o Papa explica o Evangelho da Missa dominical correspondente, a uma audiência que inclui gente que não vai à igreja toda semana e que de repente não vai nunca. Explica-o com suas palavras simples que exigem e recebem atenção. Há um silêncio impressionante na Praça de São Pedro quando está falando. Ao final desta pequena homilia, inicia imediatamente o Ângelus sem fazer pausa alguma, o que constitui um meio eficaz para evitar os aplausos que sim chegam, mas somente ao final de toda a cerimônia".
Para o vaticanista italiano, "o Papa raciocina incondicional mas serenamente. Suas críticas contra a modernidade ou as ‘patologias’ que vê dentro da Igreja estão plenamente elaboradas. Essa é parte da razão pela que praticamente silenciou o progressismo católico. Não porque os tenha feito amigáveis a si, mas sim porque não é possível lhe responder com argumentos de igual poder persuasivo". "Bento XVI não demonstra para nada sinal algum de inadequação em comparação com seu predecessor", precisa.
Depois de ressaltar que o Papa sabe "como ensinar teologia às pessoas comum, inclusive às crianças", o vaticanista comenta que "Bento XVI não tem medo de criticar severamente as religiões, começando com o Cristianismo, precisamente em nome da razão. Ele quer estabelecer uma mútua relação de cuidado e purificação entre a razão e a religião. Por isso dedicou dois terços de seu discurso em Ratisbona a criticar as fases nas que o Cristianismo se afastou de suas bases racionais".
Depois de indicar que o "discurso em Ratisbona não é o único texto que Bento XVI escreveu pessoalmente sem ouvir os estudiosos que certamente o teriam purgado", Magister informa que "também o discurso que deu em Auschwitz e Birkenau foi totalmente dele. E este também originou desacordos e polêmicas políticos e teológicos por parte de judeus, secularistas e cristãos. Como Papa, Ratzinger está acostumado a atuar com uma temeridade que ninguém esperava dele".
Para o vaticanista italiano "assim é Bento XVI. Sente-se tão proximamente resguardado pela armadura de ‘pureza’ que não teme à contaminação. Escandalizou muitos quando recebeu em audiência privada em Castel Gandolfo à combativa Oriana Fallaci. E um ano depois quis encontrar-se com Henry Kissinger".
"O príncipe dos teólogos anti-romanos, Hans Küng, foi outro convidado surpresa. Bento XVI simplesmente não é o tipo de pessoa que se assusta com uma disputa, uma sátira ou um fatwa (pronunciamento legal muçulmano)", finaliza Sandro Magister.
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Bento XVI, o amanhecer de um novo papado
O vaticanista italiano também dá conta de um novo livro publicado em inglês e italiano "Bento XVI, o Amanhecer de um novo papado", no que, Gianni Giansanti, famoso por suas fotografias de João Paulo II, e o diretor do escritório de Roma da revista Times, Jeff Israely, lançam um olhar ao pontificado de Bento XVI.
Em uma passagem da publicação, Israely escreve que "as ações de seu predecessor surpreenderam o mundo inteiro. Bento XVI, entretanto, faz notícia com a força de sua prosa. Mas suas palavras não representam um exercício intelectual puro: São uma manifestação de sua fé e humanidade. No mensageiro, a mensagem se faz visível".
De modo similar, o jornal italiano L’Espresso, ao fazer um retrato do Pontífice na véspera de sua viagem à Turquia afirmava que "João Paulo II dominava a cena. Bento XVI oferece às multidões suas simples palavras. Mas ele está atento a dirigir a atenção a algo que está além de si mesmo".
Para ler o artigo completo em inglês visite: http://www.chiesa.espressonline.it/dettaglio.jsp?id=103921&eng=y